Doutor, eu não me engano!Nos dias atuais, com tantas doenças e epidemias estranhas se multiplicando e espalhando pânico por todos os cantos do mundo, o melhor que se pode fazer é raciocinar friamente aos primeiros sintomas de um mal estar. E definir com clareza se o incômodo é coisa séria ou apenas fruto de neurose. Pode ser que aquela picada de inseto seja mesmo de um inocente pernilongo, e não do assustador mosquito da dengue. Que aquela coceirinha nas costas não signifique o começo de um câncer de pele, assim como uma ligeira dor de cabeça nem sempre prenuncie a terrível gripe suína.
É nesse turbilhão de pensamentos confusos que aquele homem liga aflitamente para uma clínica médica e suplica por uma consulta com urgência.Horas depois, já no consultório ele geme, exibindo o rosto espantosamente pálido:
"Doutor, eu não me engano. Eu acho que desta eu não escapo...".
Assustado com a palidez daquela pele, o médico pede informações sobre seus hábitos, e ele afirma que leva uma vida normal, com uma alimentação sadia, sem vícios ou problemas pessoais e familiares.Atento, o doutor quer saber o que ele fez nos últimos dias, e ele esclarece:
"Domingo retrasado eu fui ao Mineirão torcer pelo Galo contra o Cruzeiro, levei o meu radinho para escutar o jogo do meu BOTAFOGO com o Flamengo". Baixa a cabeça e continua: "Na quarta-feira, pela TV eu vi o jogo do meu Galo lá na Bahia contra o Vitória. Ontem eu voltei ao Mineirão para torcer novamente pelo GALO contra o Cruzeiro e também levei o meu radinho para torcer para o meu FOGÃO. Fora isso, mais nada".
Claramente aliviado, o médico diagnostica:
"Olha, você não tem nada. Vá pra casa, tome uma aspirina e trate de descansar". E sentencia, observando a palidez daquele rosto:
"O que você está sentindo é vergonha". Respira fundo e repete:
"É vergonha, meu filho!".
Texto original de ÂNGELO PRAZERES, adaptado por LUCAFE.
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