MANUAL DA PIMENTA
O manual da pimenta
– os tipos e seus benefícios
Por Lara Berruezo
Pimenta é o tipo de alimento que divide bastante as opiniões e gera
polêmica nas cozinhas! Tem gente que ama e gente que odeia. O que muitos não
sabem é que essa poderosa frutinha (sim, é uma fruta!) traz diversos benefícios
à saúde, tais como melhorar o humor, ajudar a emagrecer, aumentar a circulação
sanguínea e agir como anti-inflamatório.
Para começar, vamos falar da sua famosa ardência. Como tudo na vida é
uma questão de costume, com o tempo vamos nos habituando e a sensibilidade vai
diminuindo. Comece pelas mais fracas, em pouca quantidade. Quando sentir a
ardência, evite beber água. Ao contrário do que muitos pensam, a água pode
piorar a sensação, pois faz a ardência se espalhar pela boca. Ingredientes como
leite ou sorvete conseguem retirar acapsaicina (componente ativo
que provoca a ardência das pimentas) dos receptores nervosos da boca. Por isso,
alguns pratos picantes da culinária indiana levam iogurte no molho ou na
composição. Acho que eles, assim como os índios brasileiros e em toda a América
Latina, já sabiam da lista de benefícios que a pimenta proporciona e consumiam
essa maravilha muito antes da chegada dos europeus.
Lembre-se! É sempre melhor utilizar as pimentas naturais e evitar os molhos
industrializados.
Alguns tipos mais famosos:
Biquinho: tem a forma de pingo e é a mais suave de todas. Muito usada em
entradas, saladas e conservas.
Malagueta: uma das mais picantes. É rica em licopeno, fitoquímico que dá a cor
vermelha aos vegetais e é um aliado contra o câncer de próstata.
Dedo-de-moça: picante, porém menos ardida do que a malagueta. Combina com molhos,
peixes e caldas de sobremesas, especialmente as mais gordurosas.
Habanero: uma das mais poderosas entre as pimentas naturais e a que mais
queima calorias. Original do Caribe e do norte do México. (Obs.: pimentas
“não-naturais” são as obtidas por cruzamento entre espécies ou as que
não têm descendência permanente, isto é, as oriundas de suas sementes não são
exatamente iguais às originais.)
Caiena: é uma variedade da malagueta. Concentra grande quantidade de
vitaminas e, geralmente, é usada em pó, combinando com receitas que peçam um
sabor mais picante.
Murupi: vinda da região Norte do Brasil, é uma das pimentas com maior teor de
ardência do país.
Calabresa: costuma ser usada para dar sabor mais picante a embutidos como
linguiças e salames. É obtida a partir da pimenta vermelha desidratada.
Pimenta-de-cheiro: seu grau de ardência varia de leve a muito
picante, e tem aroma intenso. Muito usada na culinária das regiões norte e
nordeste, é encontrada em vários tipos. Serve para marinadas, caldas e até
sobremesas.
Cumari: encontrada apenas no Brasil, é verde, pequena, levemente amarga e
muito picante. Indicada para pratos triviais como arroz, farofa, feijão e carne
de panela, entre outros.
Os benefícios:
Para melhorar o humor. Os efeitos são resultados da
ação da capsaicina e da piperina, que têm
comprovada ação vasodilatadora arterial. As propriedades também aumentam a
produção da endorfina (o hormônio do prazer e do bem-estar) e
de outras substâncias também ligadas à satisfação, como a serotonina e
a dopamina. Por isso, também ajuda a combater a depressão.
Para o coração. Promove o controle do colesterol e pode
ajudar a manter a pressão arterial em níveis normais. Um estudo realizado pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul concluiu que a capsaicina presente
na pimenta também ajuda a diminuir os níveis de LDL, o colesterol ruim. Além
disso, por conter vitaminas A, C, do complexo B, potássio e cálcio, a pimenta
também é benéfica ao sistema circulatório, devido sua ação vasodilatadora. O
resultado é a redução do risco de problemas como hipertensão, infarto, acidente
vascular cerebral e outras doenças cardiovasculares.
Para inflamações. A capsaicina apresenta
propriedades anti-inflamatórias (por isso pode ajudar a restringir doenças como
a artrite). A recomendação é o consumo de até 30 mg/dia de capsaicina para
que se obtenha algum efeito terapêutico. Isso equivale a seis unidades da
pimenta dedo-de-moça ou ½ pimenta malagueta.
Para prevenir doenças. Por ser rica em antioxidantes como
carotenoides, flavonoides e vitamina C, o consumo de pimenta pode atuar na
prevenção de doenças crônicas, como o diabetes e o câncer. Constatou-se que
a capsaicina reduz o nível da glicose sanguínea e aumentando o
nível de insulina.
Os fitoquímicos presentes na pimenta também são considerados aliados
contra o câncer. Um estudo publicado no The Journal of Cancer Research dos
Estados Unidos, em 2006, descobriu que a capsaicina induz a morte celular
programada em células do câncer de próstata. Outros estudos sugerem que a capsaicina também
ajudaria a reduzir o crescimento de tumores nas mamas e ovários.
Para a digestão. A ingestão de pimentas aumenta a salivação,
auxiliando na mastigação e protegendo a saúde bucal; estimula a secreção
gástrica, aumentando a produção de enzimas e sucos gástricos, o que contribui
para a digestão e protege a mucosa e a motilidade gastrointestinal, promovendo
a sensação de bem-estar após a ingestão.
Para rejuvenescer. Os antioxidantes presentes na pimenta
como vitaminas A, C e E, além de flavonoides, ajudam a retardar o
envelhecimento.
Para a beleza. A capsaicina e isoflavona são
conhecidas por contribuir para o crescimento saudável do cabelo, uma vez que
acelera a circulação sanguínea. Também é boa para os dentes, pois neutraliza os
ácidos da saliva, protegendo dentes e gengivas.
Para emagrecer. A pimenta proporciona o famoso efeito
termogênico (aumento da temperatura corporal), que pode acelerar o metabolismo
em até 20%. O seu uso durante as refeições estimula o sistema nervoso,
aumentando a liberação decatecolaminas, noradrenalina e adrenalina,
com consequente diminuição do apetite e da ingestão calórica. Além disso,
previne o acúmulo de gordura na região abdominal. Seguindo essa lógica,
aproximadamente 6 gramas de pimenta queimam cerca de 45 calorias! Que
beleza!
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